Mobilização nesta terça-feira (30/07) exige ao Banco Central abaixar a taxa de juros no Brasil

Nesta terça feira (30/07), as Centrais Sindicais vão às ruas numa vigorosa manifestação nacional pela redução das taxas de juros, com atos em todos os estados e cidades em que o Banco Central possui agências. Os Comitês Populares se somam na luta e na mobilização desta pauta na sociedade para que a dona de casa, o irmão da Igreja ou o amigo do futebol e do bar entendam o que isso tem a ver com as pessoas diretamente. 

No ano passado, segundo informações do Ministério do Planejamento e do Banco Central, as despesas do governo federal com juros superaram os gastos somados dos Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento e Assistência Social — responsável pelo Bolsa Família. O pagamento de juros da dívida pública do Governo Central somaram R$ 614,55 bilhões no mesmo ano, com avanço significativo em relação a 2022, quando os juros subtraíram R$ 503 bilhões do orçamento da União.

O petroleiro, economista e militante do Movimento Brasil Popular Pedro Farias explica em cinco argumentos como a taxa de juros muito alta afeta a nossa vida, da trabalhadora e do trabalhador comum. Confira a seguir:

No bolso

A taxa de juros, ela afeta diretamente todos os empréstimos que são feitos na nossa economia. Desde um empréstimo para o grande, o capitalista que quer construir uma fábrica, um empréstimo pra gente que quer comprar uma casa, financiar na Caixa, ou comprar uma geladeira, ou mesmo que precisou pegar um dinheiro para fechar as contas do mês. Quando a taxa de juros está muito alta todos esses empréstimos ficam mais caros também, ela doi ali no bolso, quase que imediatamente. 

Na oportunidade de emprego

O Banco Central mantém a taxa de juros alta para reduzir o nível de atividade econômica: com menos atividade econômica tem menos emprego e nós, trabalhadores/as ficamos com menos poder de barganha com os capitalistas. Isso mantém o desemprego mais alto e isso faz com que tenhamos salários mais baixos. Ela tem esse efeito por cima e por baixo, afeta no bolso, mas também nas oportunidades. Menos renda e pagamos mais caro.

No desenvolvimento

Afetando também os empréstimos que os capitalistas pegam pra desenvolver novas atividades econômicas, abrir uma fábrica, expandir negócios, no longo prazo, a taxa de juros muito alta, afeta a expansão da produção, mas mais ainda, fica mais difícil desenvolver e começar atividades mais ousadas, arriscadas, que envolvam tecnologias novas. Isso afeta, no longo prazo, que o país não consiga desenvolver tecnologia de ponta e ficamos nos mesmos setores de exportação de minério, de soja, de petróleo, que empregam relativamente pouco e tem empregos menos qualificados, observando, por exemplo, o setor agropecuário. 

No enfrentamento à crise climática

Pensando a crise socioambiental, momento em que estamos, isso vai requerer muito investimento em energias renováveis, em novas formas de transporte, eletrificação dos carros, substituir os carros por mais trens e ônibus. Mas investimento precisa de empréstimo e, quando observada a taxa de juros sobre o empréstimo, isso vai afetar a nossa capacidade de enfrentar a crise climática. 

Na soberania nacional

Por fim, vale lembrar que este padrão de taxa de juros foi uma questão histórica do Brasil, um processo incompleto de estabilização da economia brasileira desde o plano Real. A transição parcial do plano Real na década de 90 estabilizou a inflação mas não continuou o processo de ganho de autonomia que deveria ter vindo com o controle soberano dos fluxos de Capital no Brasil. É uma coisa que vem de muito tempo e tem que ser combatida, temos que ter essa vitória!