Como criar um caminho para a consciência e mobilização

Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

O Brasil tem a origem da sua riqueza no modelo de produção escravista, que dependeu e ainda depende da exploração de milhões de trabalhadores, sobretudo, negros e negras.

A desigualdade racial é uma marca profunda na sociedade brasileira: os 10% mais ricos têm uma renda 14,4 vezes maior que os 40% mais pobres.

Os dados são estarrecedores.

Segundo o Observatório Brasileiro das Desigualdades, uma pessoa negra no Brasil recebe em média apenas 69,2% da renda de uma pessoa não negra. Esse cenário é ainda mais crítico para mulheres negras, que enfrentam uma taxa de desemprego de 14% e ganham apenas 42% do que recebem homens não negros. Além disso, 41,7% das famílias chefiadas por mulheres negras vivem com fome moderada ou grave.

Vivemos uma realidade na qual a maioria da população é composta por negros e pardos, sem que isso se reflita na distribuição de riquezas e renda. Assim, a luta contra o racismo é um princípio essencial no combate à desigualdade no Brasil.

Nesse contexto, é urgente desenvolver iniciativas e mobilizações contra a pobreza e a desigualdade que marcam nossa sociedade, especialmente entre a população negra.

O movimento negro brasileiro abriu caminhos importantes de luta, com pautas centrais como a democratização do ensino superior por meio da política de cotas. Além disso, conduz uma extensa jornada de denúncia da violência e do genocídio praticado pelo Estado, cujo modus operandi das forças de segurança frequentemente resulta no extermínio de crianças e jovens negros, principalmente nas periferias.

Para que o Brasil supere a pobreza e reduza a desigualdade, é fundamental combater o racismo. Após anos de resistência, negros e negras seguem na luta por igualdade, contra a pobreza e por justiça social.

Como fortalecer essa resistência diante a uma política de assassinato da população negra? Como expandir as políticas de cotas para cargos públicos e privados? Como pautas e incorporar o combate ao racismo em temas como a escala 6×1? A luta antirracista não é só de negros e negras e sim responsabilidade de toda a sociedade brasileira.

O dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é uma data emblemática de formação, organização e resistência contra o racismo.

Assim, os Comitês Populares de Luta que têm se mobilizado de forma permanente contra a pobreza e a desigualdade devem contribuir na construção e fortalecimento da agenda em curso durante todo o mês de novembro.