O homem que fez da política um ato de amor ao povo

José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, agricultor e político nos deixou. Aos 89 anos, o ex-presidente do Uruguai encerra sua trajetória neste mundo, mas seu legado permanecerá vivo e pulsante em todos que acreditam numa política a serviço da dignidade humana, da justiça social e da simplicidade como escolha ética.
Mujica foi mais que um político. Foi um símbolo universal de coerência. Um homem que atravessou décadas de luta, resistiu à repressão e soube transformar dor em sabedoria, ódio em generosidade, e poder em serviço.
Com uma história pessoal marcada por coragem e humildade, ele inspirou o mundo ao provar que é possível fazer política com o pé no chão e o coração no povo.
Linha do tempo de uma vida revolucionária
1949 – Aos 14 anos, já começa a militar em causas estudantis e sindicais.
Anos 1960 – Torna-se um dos principais integrantes do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, grupo guerrilheiro urbano que combateu a ditadura uruguaia.
1972 – 1985 – É preso e passa cerca de 13 anos nas prisões da ditadura, muitos deles em solitárias, sob condições desumanas. Sobreviveu sem perder a ternura.
1999 – Elege-se senador, já com forte respaldo popular, e começa a construir pontes entre antigos adversários em nome da democracia.
2010–2015 – Assume a Presidência do Uruguai. Governa com foco em distribuição de renda, reforma agrária, educação, legalização da maconha e respeito às liberdades individuais.
Durante o mandato – Abre mão de 90% do salário presidencial, vive em sua chácara simples, dirige seu velho Fusca e transforma sua forma de viver em mensagem política.
2020 – Aposenta-se da vida parlamentar, dizendo que “o cansaço lhe venceu, mas não a luta”.
Um exemplo raro de ética e humanidade
Durante seu mandato presidencial, Mujica conquistou o mundo com sua sinceridade desarmante. Em fóruns internacionais, fez discursos emocionantes sobre consumismo, desigualdade e o verdadeiro sentido da liberdade.
Foi chamado de “o presidente mais pobre do mundo” rótulo que recusava com humor, dizendo que pobre não é quem tem pouco, mas quem precisa de muito para ser feliz.
Mujica mostrou que a política pode e deve ser uma ferramenta de transformação. Sua vida foi um chamado à coerência entre discurso e prática, entre sonho e ação.
Hoje, o Uruguai e o mundo perdem uma de suas maiores referências éticas e políticas.
Mujica inspirou gerações com sua frase simples e poderosa:
“A única liberdade que existe é ser livre para escolher a vida que se quer viver.”
Hoje, o mundo perde um grande homem, mas o sonho por justiça, igualdade e dignidade continua vivo em todos que ele tocou.
Mas sua luta segue ecoando em todos os cantos onde houver alguém de punho cerrado e coração aberto.
Até sempre, Pepe Mujica. Presente!