Confira o artigo do dirigente dos Comitês Populares Igor Felippe dos Santos sobre a nova fase dos Comitês Populares 

Trajetória de lutas 

A primeira fase dos Comitês Populares se deu em torno da campanha Lula Livre. Quando o Lula foi preso, uma parte da militância queria realizar ações e atividades, iniciativas em defesa da liberdade do presidente Lula. Eram militantes das diversas organizações, diversos sindicatos, diversos movimentos e diversos partidos políticos que se reuniam no seu território, no seu local de trabalho, no seu local de estudo, para realizar essas atividades. Foi daí que nós criamos o Comitê Nacional Lula Livre, que era um instrumento de acompanhamento, condução e coordenação do trabalho desses comitês populares.

A luta aconteceu, nós realizamos diversos mutirões, festivais, atividades de agitação, faixaços, panfletagens. O Lula foi solto e a partir desse momento, nós tínhamos um acúmulo organizativo e uma experiência de organização popular.

Resolvemos continuar dentro desse processo de organização dos Comitês Populares de Luta a partir dos movimentos populares, dos partidos e dos sindicatos com a perspectiva, em primeiro lugar, de manter essa organização da militância no seu local de trabalho, no seu local de estudo, no seu território, local de moradia.

Mas tendo também como perspectiva as eleições que aconteceriam em 2022, que na nossa avaliação seriam eleições muito duras, em que o Bolsonaro colocaria muito dinheiro, muita força e utilizaria todos os organismos de Estado para buscar a sua reeleição. Dessa forma
era necessário continuar e aprofundar e ampliar esse processo de organização popular.

Nós mantivemos esse processo de organização dos comitês e avançamos, chegando a organizar em torno de 5 mil comitês em todo o País. Nos nossos levantamentos, a gente acha que mais de 8 mil comitês se formaram nesse processo, e nós temos feito desde então um processo de acompanhamento, de suporte e de condução a partir da proposta de atividades, ações, para manter essa reunião da militância e essas atividades.

Um novo tempo…

Agora, queremos iniciar uma nova fase dos Comitês Populares, que tem como objetivo, sobretudo, fortalecer o governo Lula para que ele possa implementar o programa de mudanças sociais que foi apresentado nas eleições.

A gente vê que é uma correlação de forças bastante desfavorável, especialmente pelas pressões do grande capital contra as mudanças na economia. E também pela pressão da direita e do centrão dentro do Congresso Nacional para bloquear, impedir e obstruir os projetos e iniciativas do governo. Também queremos fazer frente às iniciativas da extrema-direita, ainda sob liderança do Bolsonaro, para colocar na agenda da sociedade uma pauta ultraconservadora e ultraneoliberal que representa o retrocesso dos direitos.

Estamos nos organizando, para em 2024 conseguir desenvolver uma série de campanhas. Contra a fome, contra a pobreza e contra a desigualdade, em defesa de uma reforma tributária justa com igualdade social e, sobretudo, fortalecendo os comitês

populares que estão enraizados em determinados territórios, em determinadas categorias, para que eles possam desenvolver as suas diversas iniciativas. E temos como perspectiva também para o segundo semestre apoiar e dar sustentação para as candidaturas a vereador e prefeito do campo democrático popular. Por isso, estamos impulsionando nesta proximidade do 1º de Maio, a Jornada Nacional em Defesa da Classe Trabalhadora.

Entre os dias 15/04 e 15/05, os Comitês Populares de todo o Brasil realizam a Jornada Nacional com o objetivo realizar atividades nos territórios urbanos para dialogar com as comunidades sobre a situação do país, fazer a escuta dos seus problemas, apresentar a pauta política das forças populares e estimular um processo de organização e participação.

O objetivo dos Comitês Populares é, sobretudo, criar ações, iniciativas e jornadas que possam disputar a classe trabalhadora. O que a gente vê é que a extrema-direita tem buscado incidir sobre a classe trabalhadora, especialmente a partir das igrejas fundamentalistas e também da ideologia da violência a partir dos aparatos de repressão, de de trabalho, no seu local de estudo, no seu local de lazer e fazer o debate a partir da realidade daquelas comunidades.

É necessário dar um mergulho na realidade da classe trabalhadora e debater a partir dos seus valores, das suas ideias e dos seus anseios. E nós acreditamos que os comitês populares são um instrumento que vem a contribuir e fortalecer esse processo de retomada do trabalho popular, que é fundamental para que a gente possa enfrentar a extrema-direita, combater a direita tradicional e impulsionar o governo Lula.

Os comitês para nós são uma metodologia de organização da militância para que ela possa, na sua área de atuação, organizar as diversas atividades em defesa do projeto popular para o Brasil e em defesa dos direitos da classe trabalhadora. Eles são compostos por diversos partidos, movimentos e sindicatos, e são adequados para esse momento que a gente precisa de unidade de ação para conseguir enfrentar esses desafios.

Temos diversas experiências, muito heterogêneas e por isso fazemos um esforço de tentar sistematizar, porque a gente acha que é importante, que isso é um exemplo, e uma inspiração para que outros coletivos de militantes possam tomar como referência e reproduzir.

Temos apostado muito no site dos comitês populares como um espaço que a gente possa apresentar e divulgar essas experiências e acreditamos que tem muitas experiências. Confira o especial da Jornada Nacional em Defesa da Classe Trabalhadora, que já está no ar (clique aqui!)