Imprensa e extrema direita perdem guerra de narrativa sobre condenação de Lula ao Genocídio na Palestina
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Análises de especialistas em cobertura midiática e de comportamento de redes sociais dão conta que a tentativa pela extrema-direita e a imprensa convencional brasileira de manipular as falas de Lula condenando o genocídio em Gaza em comparativo ao que fez Hitler com judeus deu errado.
Um indicativo, de acordo com o jornalista Rodrigo Viana, do ICL Notícias, seria a resposta dada por Anthony Blinken (Secretário de Estado dos EUA) ao Jornal Nacional sobre o tema: “Lula foi motivado pelo sofrimento das pessoas e quer que o massacre tenha fim, o que nós também queremos. Temos concordância”, declarou.
O jornalista Chico Alves publicou na semana passada o artigo “Na declaração de Lula sobre Gaza, cabe retratação (da imprensa)”, em que desmonta o Sofisma apresentado pela imprensa brasileira, sob influência de Netanyahu, de que o Holocausto é incomparável na História, o que não é verdade.
O próprio ministro da Secretaria de Comunicação do Governo, Paulo Pimenta, ajudou a trazer luz aos fatos ao afirmar que “Lula não negou o Holocausto”, em seu Twitter:
Ao se desmontar a tese falaciosa da extrema-direita e da imprensa, ganha evidência o real sentido do discurso de Lula em visita ao continente africano, condenar o Genocídio e trazer de forma imprescindível o foco do mundo para a Questão da Palestina sob massacre e apartheid.
De acordo com o professor Haidar Eid, da Universidade Al Aqsa, de Gaza, desde a decisão da Corte Internacional de Justiça ordenando o fim de todos os atos genocidas, Israel assassinou 2.798 palestinos, elevando o número de mortos para 29.782, e lançou um ataque maciço a Rafah, que havia sido designada como a chamada área “segura” e para onde mais de 1,3 milhão de palestinos fugiram”.
Segundo Eid, o objetivo do ataque é cumprir a política declarada de Israel de limpar etnicamente a Faixa de Gaza. Cerca de 75% da infraestrutura e das residências estão em escombros, e a fome é generalizada. Na Cisjordânia, as forças israelenses mataram mais de cem crianças nos últimos quatro meses e, mesmo assim, Israel continua a desfrutar de uma impunidade férrea proporcionada por seus aliados ocidentais. Todos estes fatos tornam as palavras de Lula ainda mais históricas.
Genocídios, colonialismo e a comparação com o Holocausto
Apesar da fixação da imprensa brasileira com a memória do Holocausto causado por Hitler contrao povo judeu, diversos outros momentos históricos tiveram impacto que pode servir de comparativo, a exemplo do colonialismo (e dos neo-colonialismos) no Continente Africano ou mesmo da escravidão do povo negro nas Américas.
Neste exato momento uma cidade de dois milhões de habitantes está sob ameaça de ser tomada por rebeldes armados, com milhares de pessoas abandonando suas casas por medo da violência genocida que pode ser desencadeada, mas a mídia mundial mal faz uma pálpebra.
É chocante como o povo de Goma – e do leste da República Democrática do Congo em geral – está sendo simplesmente abandonado à própria sorte. O conflito congolês – em sua terceira década – não consegue comover o público ocidental, sem levar em conta os 7 milhões de deslocados internos, os 6 milhões de mortos, o fato de que metade da população não tem acesso à água potável e, mais ainda, não tem acesso à eletricidade. Confira imagens:
O conflito em andamento foi apelidado de “Guerra Mundial da África” e tem- se assistido a pilhagem de recursos preciosos do Congo, como coltan, ouro, cobre, madeira, diamantes e cobalto (que é usado em baterias para gigantes globais da tecnologia, como Apple e Tesla).
E a imprensa brasileira não dá uma linha.