Enquanto Mauro Cid segue sendo ouvido, PF indicia 37 pessoas por tentativa de golpe de Estado. Entre os principais nomes estão os do ex-presidente Jair Bolsonaro, General Heleno e Braga Neto, além de ex-ministros, generais, militares e ex-assessores.
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além de figuras-chave como Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. Eles são acusados de crimes graves, incluindo tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e participação em organização criminosa.
O que as investigações revelaram
Que um planejamento detalhado que incluía minutas para decretar Estado de Defesa e Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), com o objetivo de interferir nos resultados das eleições. Depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas confirmam reuniões em que essas estratégias foram discutidas, algumas com oposição interna, mas também com apoio de membros específicos, como o então comandante da Marinha, Almir Garnier.
O que a PF concluiu?
concluiu um inquérito que revela a existência de uma organização golpista estruturada, composta por lideranças políticas e militares, que elaboraram estratégias para desestabilizar a democracia brasileira e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2022. Essa organização foi responsável por ações que culminaram nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando extremistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em uma tentativa de abalar o Estado Democrático de Direito.
Com os indiciamentos formalizados, espera-se que o caso avance com firmeza no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a supervisão do ministro Alexandre de Moraes. Este é um passo crucial para desarticular redes antidemocráticas, reforçar a confiança nas instituições e garantir que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados.
Ao total 37 pessoas foram indiciadas pela PF pelos crimes de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa. Entre os indicados temos como principais nomes:
Jair Bolsonaro
O ex-presidente é acusado de liderar e estimular a elaboração de um plano golpista. Elementos centrais incluem a minuta golpista encontrada com seu ex-ajudante Mauro Cid, que previa um decreto de Estado de Defesa para reverter o resultado eleitoral. Bolsonaro teria se reunido com comandantes militares e assessores para discutir medidas ilegais, incluindo o uso das Forças Armadas para inviabilizar a transição democrática.
Braga Netto e Augusto Heleno
Os ex-ministros da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional foram implicados por participarem de reuniões e por seus papeis em mobilizar agentes institucionais para validar ações golpistas. Heleno, por exemplo, teria desempenhado um papel de articulador entre Bolsonaro e membros das Forças Armadas.
Valdemar Costa Neto
Como presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar teve papel relevante no financiamento e na disseminação de narrativas fraudulentas sobre o sistema eleitoral. Ele é acusado de fomentar teorias conspiratórias que ajudaram a alimentar os ataques ao sistema democrático, culminando no 8 de janeiro.
Alexandre Ramagem
O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é apontado como facilitador de atividades que tinham o objetivo de burlar a Constituição, usando sua posição estratégica para colaborar com o planejamento golpista.
Confira o restante da lista:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército envolvido no caso das vacinas
- Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército e um dos autores do documento de teor golpista “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro”
- Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
- Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres
- Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça
- Anderson Lima de Moura, coronel do Exército e um dos autores do documento de teor golpista “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro”
- Ângelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva do Exército
- Bernardo Romão Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Carlos Giovani Delevati Pasini
- Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército
- Fabrício Moreira de Bastos
- Filipe Garcia Martins, ex-assessor da Presidência da República que participou da reunião que tratou da minuta de golpe
- Fernando Cerimedo, Empresário argentino, marketeiro e consultor político e compunha núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral.
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques de Almeida
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República, ex-deputado, ex-vereador do Rio de Janeiro e capitão da reserva do Exército
- José Eduardo de Oliveira e Silva
- Laercio Vergililo
- Marcelo Bormevet
- Marcelo Costa Câmara, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro
- Mário Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general da reserva e homem de confiança de Bolsonaro
- Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel do Exército (afastado das funções na instituição)
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do ex-presidente da ditadura João Figueiredo
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-comandante do Exército
- Rafael Martins de Oliveira, major e integrante do grupo ‘kids pretos
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército
- Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro, considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido pelo qual Jair Bolsonaro e Braga Netto disputaram as eleições de 2022
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, general da reserva do Exército
- Wladimir Matos Soares